Sinfonia da chuva
A chuva escorre em gotinhas, luminosas Seu gosto me adoça a boca, sequiosa Sobre a cidade, olho a úmida paisagem, Negrume e raios penetrando a terra. Brincava eu nas poças, Quando menina faceira, Segurava as mãos em conchas, Sugava, fazendo beicinho, Sob as goteiras das telhas. A água entrava com o vento, Pelas paredes de madeira fina. As florzinhas também gotejavam, O cheiro de mel caramelado Inundava sala, galpão e cozinha. Assisto a chuva instigante, seus sons Em sinfonia, um longo tempo, seus Cânticos embalando os pequeninos. Ao terno anoitecer nos envolvendo, Em ruidosos chiados e assobios. A densa noite, esvai-se... pela via Ciclistas se afundam na lama, Timbales estridentes cordas rompem, Jorram goteiras de alambrados Deslizante água sonora e fria... Densas nuvens vão despencando, Fervilham trovões... ameaçadores, Poças dispersas de lodo e pedras, Gotículas prateadas vão encharcando A intensa e bucólica planície. Reflexos, rastros luminosos confundem Luzes distantes nos postes enfeitiçam, Umas sombrinhas incautas se embalam Em mágicas mãos de moças audazes, E de coloridos passageiros da avenida. ____________________________________ Izabella Pavesi ____________________________________ imagem: internet Izabella Pavesi
Enviado por Izabella Pavesi em 02/09/2008
Alterado em 15/05/2016 |