Solidão Mergulhei fundo nela: a solidão. Virei o mundo em pura solidão. Abracei o universo da solidão. A imensidão à volta, a multidão lá fora, Eu, e eu só, o meu ego e meu eco. O osso, o desgosto, embaraço exposto, Retalhos em desalinho, do ensaio da vida. Inspiro, respiro, entrego-me à letargia. Nas veias,palpita a essência da vida. Não ser mais silente, não ser mais escravo, Da busca, do atraso, do desfecho destino. Horas vãs, fantasmas nus Invadem o espaço, a mente e os sentidos. Arpejos sons, esparsos timbres, Vozes me chamam no outro lado da via. Na retina olhares, imagens. Olhos de esguelha. O olho do tempo, pela fresta sutil me espreita. Me agarro, sem pressa, no derradeiro espaço, Na travessia das horas, no avesso das sombras. Dentro de mim, oscilante tristeza e riso, Encaixa e fixa a evanescência de tudo. Ser acolhida, ser secretamente amada, Largar-se no limbro do frio desatino. Lá fora, um novo frescor, e, aqui dentro, Empiricamente imposto... o vazio. Manter-se vivo! Alerta e desperto, Entrar na lista dos afortunados da vida. Uma ânsia se achega... Uma luz me alucina... Transcendo essa dor imensa, Vagueio um pouco...adormeço. _______________________________________________ IZABELLA PAVESI _______________________________________________ foto: internet Izabella Pavesi
Enviado por Izabella Pavesi em 04/06/2006
Alterado em 25/11/2012 |