RUMO À FONTE
Sigo, esguia, essa trilha. À risca, desenho uma rota, Sentindo a neblina, as pisadas, Buscando a essência na fonte. Guiam-me rumo à nascente, Ecos, zumbidos, cânticos de pássaros, Rugidos, grunhidos e silvos, Saídos das profundezas da floresta. Nos ombros, apetrechos peregrinos, Tateio, no caminho, as pegadas, Um vento sopra regélido, E, estreante, precipito-me na vida. À vista, indescritível paisagem, Ao meu encontro, essa brisa suave, Que me fustiga a pele e os poros, Instigantes desafios a minha espera. Nas colinas, belezas admiráveis, Facetas da natureza e de confins, Rendo-me em sincera surpresa, Compartilho, com aves, essa abundância. Ouço sons remotíssimos, sinfonias distantes E outros silvos roucos, cata-ventos. A agitação na mata me alegra e Uma avalanche de sensores me desperta. Vertiginosamente, a mãe terra declina, Sob seu manto, a neblina, densa. Cristalizam-se orvalhos e gotas, Natureza, encanto inesgotável... Num rito de passagem, da vida... Abro os braços aos céus, enternecida. E bendigo essa fonte iluminada, De amor, serenidade, luz e poesia. Contemplo borboletas lépidas, Deslizo por veredas musguentas, Ouço o estrompido da queda d’água, Que, abrupto, irrompe pelos ares. Durmo à mercê das intempéries, Com aço, tempero meu caráter, Deixo os ventos me levarem... E permito ao meu espírito voar... Esqueço as perdas e incertezas, Num ritual de louvor, encolho-me, Humilde, sufoco temíveis mitos, E, entorpecida de frio, hasteio... A bandeira branca da PAZ. _______________________________ Izabella Pavesi
Enviado por Izabella Pavesi em 10/07/2006
Alterado em 13/01/2010 |