Tua ausência
Bem há pouco, esse felino, Inquieto, de beijos me cobria, Seu apelo em torno de mim gira, Sua falta faz lançar-me em desatinos De torpor, de poções e bálsamos Me entrego; e oscilo feito ramo De bambu. Ouço ecos imprecisos, E vacilam meus sentidos e meus pés. Fecho a porta da sala vazia, E dentro ressoa tua fascinante voz. Impregnada de tua presença e magia Deliro: que ausência atroz! Esbarro em teus espessos vestígios, Embromo risos, saliva e suor. Sucumbo sob teu eterno encanto, E assim, dentro de súplicas me recolho. Ouço, aqui e ali, silêncios ruidosos, Sufoco de ansiedade e chamas; Rôo entranhas, ouço teus passos Caminhando de encontro a mim. Vertigens me provocam e estremeço; Toco com as mãos tua sombra, Que indelével toca minha pele... E em frenesi, viajo no teu corpo. Tua lembrança me aquece o coração. Teus olhos rasgados de leopardo, ficção; Teu olhar cravado na retina dos meus... Abrigo seguro, surreal visão. Encosto os lábios na etérea lembrança, Que me afaga e hipnotiza... Navego nesse mix desconcertante, De solitários e virtuais amantes. O vento te traz, imagem lúdica Arrepiando pelos em vacilantes luzes De frio me encolho e me alisas, Num emaranhado visual de néon lights. Saudosa, debruço-me no jardim do tempo Nas paisagens e janelas dos trens lentos A contemplar-te nas auroras frias... A desejar-te ao romper do dia! _____________________________________ IZABELLA PAVESI ________________________________________ Imagem: internet Izabella Pavesi
Enviado por Izabella Pavesi em 05/09/2012
Alterado em 15/08/2016 |