PREFÁCIO de "O NÉCTAR DA VIDA"
A VIDA EM VERSOS No poema “Meus escritos”, Izabella Pavesi define seu conceito de Arte Poética: “Deixo que / Meus escritos / Falem por mim, / Meu romance, / Meus contos, / Minhas poesias, / Deixo que o vento / Que transporta preces / Pelo mundo afora, / Se encarregue de elaborar / Por mim / Qualquer definição. / Sigo devorando letrinhas, / Crônicas, poesias, romances, / Biografias, textos, cartas, / Resenhas e ... imagens. / Sigo registrando / Com um olhar / Unicamente meu / Tudo que se descortina / Ante meus sensíveis olhos". Sinto que, diante desse canto-definição, quase sem adjetivos, muito pouco (ou seria quase nada?) há para acrescentar. Abro minha intervenção desafiado pelo final do poema acima. Agora desfraldo minhas velas, não no mar da imaginação – que este é o dínamo da Autora -, mas no mar da investigação dos textos do livro porque este é o compromisso do analista – não gosto da palavra “crítico”! Izabella Pavesi estreou na literatura em 2004, com o romance “O último gerente”, tema tão pouco abordado na ficção de Santa Catarina: o dia a dia dentro de uma instituição financeira, aliado às frustrações e ao desespero de um funcionário que precisa sair-se ótimo no desempenho de sua atividade que é a de cuidar do dinheiro dos outros. Izabella volta agora com “O néctar da vida”, livro de poemas, uma centena deles. E confessa, logo de saída, na primeira composição que a poesia transborda nela desde sempre. Esse transbordamento se derrama pelo universo poético do livro em várias direções. A urgência em traduzir as realidades da natureza, da condição humana e da situação da Autora determina que os versos se distribuam nas variadas estruturas do poema. O néctar da vida – poema – e O néctar da vida – livro -, têm consciência (e proclamam) que literatura se faz com idéias mas, e principalmente, com palavras postas em arte ou com estruturas poéticas. Essa qualidade poética pode estar presente na sonoridade das sílabas, das expressões, dos versos e no emprego de estruturas de frase que fogem ao uso comum para assumirem a metáfora, neste caso, mudança de significado para denotar outras identidades. A lua tem olhos? O silêncio tem cor? A pele pode ser de pedra? Em literatura a resposta é positiva. O poeta capta realidades que, no dia a dia, quase ninguém se dá conta. Izabella Pavesi tempera o néctar da vida com o sabor da Poesia. Florianópolis, 13 de agosto de 2012. Dr. CELESTINO SACHET Izabella Pavesi
Enviado por Izabella Pavesi em 04/09/2014
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