PAISAGENS URBANAS
Um monumento, em pedra Um desafio, em mármore Uma ponte, um cartão Um paredão, de solidão. Aviões invadem os céus O espaço e os sentidos Acrobáticos desenham curvas E avançam, cortando nuvens. Uma lembrança de outono Chuva e folhas na varanda Mesa e cadeiras nas calçadas E o povaréu na estação. Inspire, respire o ar A luz, o sol, o sabor O cheiro dos ipês Verdes, amarelos e roxos. Deslize seus dedos nos fones Viaje navegue nos micros Se ligue, conecte-se no espaço Nos satélites, nas redes internets. Na paisagem urbana O gozo exposto Coxas, umbigos e seios Em eróticos cinemas. No topo dos arranha-céus, cartazes Intermitentes luzes piscam em néon Letreiros incutem e instalam flashes Imagens nos olhos e neurônios. Excessos de apelos, chamados Insucessos de gente exauridos Sem chances, sem portas, sem ação A procura constante de realização. Na parede concreto, navalha em riste Carros blindados, vidros fechados Pueril quimera, pífios ganhos Globalização, aflição e caos. O retirante na cidade grande A modelo na vitrine exposta O estudante com o canudo enfeitando A parede da casa esfacelada. E os planos? E a enciclopédia? Na cabeça do sábio professor Sem emprego, esquecido, sem amor? Seus livros empoeirados na estante? Tevês piscam o plim plim da hora Imagens, festas, ira, explosão Perenes, como dizia o ator Tudo passa feito avião. Velhinhas jogam seu bingo Velhinhos, seu jogo de botão Bebês enjaulados brincam no portão Amassados nos ônibus, estudantes vão. Na grande metrópole, a busca O emprego, a entrevista, a fama O namoro, o enlace alcançar Eterno desejo de tudo se concretizar! _______________________________________________________ imagem: Internet Izabella Pavesi
Enviado por Izabella Pavesi em 27/07/2007
Alterado em 18/09/2012 |