Ouro Preto do Aleijadinho
A pisada dos garimpeiros nas pedras das ruas íngremes fundia-se às marteladas sonoras do escultor entalhando suas obras. Foi em Minas Gerais. Aleijadinho, o escultor. Pedras douradas brotaram do ventre da terra e a febre do ouro se alastrou pelos rios e vales. Naquele chão, fervilhante, carruagens iam e vinham rangendo, deixando sulcos nos pedregulhos das ruas. Burburinhos atravessaram todo o território brasileiro. Em Aleijadinho, a suprema manifestação da arte!... Com mão firme o artista entalhou 66 estátuas da via sacra, os 12 profetas em pedra-sabão, claustros e balaustradas em estilo barroco e rococó, o esplendor sobrepujando a derradeira discriminação. O pó dourado iluminava os altares e as imagens sacras de tantas igrejas de tempos idos. Foi no século XVIII. Ouro Preto, cidade onde viveu Tiradentes. Era ele Antonio Francisco Lisboa, filho da escrava Isabel e do português Manuel Francisco Lisboa. Sua obra arquitetônica transcendeu suas limitações... Essas ele as transmutou. Em muitas igrejas, rostos expressivos, imagens de santos em tamanho real. Injustamente segregado da sociedade externou seu fenomenal talento, ornamentando púlpitos e altares e conferindo-lhes magnificência e encantamento. Ouro Preto da Inconfidência. Ouro Preto, Patrimônio da Humanidade. Ouro Preto, símbolo de esplendor. Ouro Preto, dos caminhos calcetados em ladeiras íngremes, teus tesouros atravessaram oceanos. Até hoje, teu brilho dourado resplandece em inúmeras catedrais e monumentos do Velho Mundo. Grande artista Aleijadinho, tuas obras reluzem e se perpetuam... Tua memória respira nas esquinas, tua presença acorda os transeuntes da pequena cidade mineira. Tua obra genial sacode as escolas de artes nos quatro cantos da Terra. ______________________________________________________________________ Izabella Pavesi imagem: internet
Texto publicado na Antologia poética bilingue: português e italiano / Concurso Literário ITALIAMIGA - 2021
Izabella Pavesi
Enviado por Izabella Pavesi em 17/03/2022
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